Todos já conhecemos ou ouvimos falar daquela regrinha dos 70%; se a relação entre etanol e gasolina estiver acima desse número, vale abastecer com gasolina, e abaixo, com etanol. Mas apenas checar essa porcentagem será suficiente para definir qual combustível abastecer?
Desde 2003, com o lançamento do primeiro carro de combustão flexível, ou flex como ficou conhecido, esse tipo de motor vem dominando o mercado nacional, estando presente em 95% dos veículos leves vendidos no Brasil. Apesar de veículos movidos a etanol serem comercializados desde 1975, com o programa do Pró-Álcool, uma série de desafios fez com que os veículos movidos exclusivamente à etanol não se popularizassem. A dependência de apenas um tipo de combustível, com produção exclusiva brasileira, assim como a dificuldade de partida em climas mais frios foram os fatores determinantes para a pausa nesse projeto.
Foi apenas com a evolução dos motores automotivos que a produção do etanol ganhou grandes proporções, com a introdução do tanquinho de partida à frio por exemplo.
Movidos pela possiblidade de abastecer dois tipos de combustível, os consumidores passaram a ficar menos suscetíveis às flutuações nos preços da gasolina e do etanol, podendo optar por abastecer com a alternativa mais eficiente. Como determinar, porém, qual a melhor opção para você e para os veículos de sua empresa?
Vantagens do Etanol
Uma vantagem clara do etanol é o fato dele ser um combustível renovável, limpo e autossustentável. Segundo dados IEA (Agência Internacional de Energia), a utilização de etanol produzido através da cana-de-açúcar reduz em média 89% a emissão de gases responsáveis pelo efeito estufa – como dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (NO2) – se comparado com a gasolina.
Analisando a eficiência do combustível, o ganho de potência do etanol em relação à gasolina deve-se ao fato dele possuir uma maior resistência à auto detonação, característica conhecida como octanagem. Por estarem submetidos a elevadas temperaturas e pressão dentro do motor, os combustíveis podem explodir de forma não controlada, causando um barulho característico conhecido como batida de pino. Com o passar do tempo, essas detonações podem prejudicar o rendimento do motor, ou até mesmo estragá-lo. Por possuir maior octanagem, o álcool se torna mais resistente à detonação. A octanagem do etanol comum é de 110, enquanto a da gasolina é de 87.
Outro fator que torna o etanol mais vantajoso é em relação à potência do motor. O álcool possui uma massa específica maior em comparação à gasolina. Isso faz com que ele fique mais comprimido dentro do motor, o que ocasiona em um aumento de potência. Em média, carros a álcool são 2% mais potentes que os a gasolina, porém dependendo do modelo essas diferença pode ser nula ou chegar a quase 9%.
Desvantagens
O etanol tem uma queima mais limpa, forma menos carbonização, mas tem uma lubricidade menor que a gasolina, então há uma tendência em forçar mais a bomba de combustível. Por outro lado, o que é conhecido é que se a pessoa usa o carro em trajetos pequenos na cidade, e o motor dificilmente chega na temperatura ideal, há um certo risco de que o etanol se dilua no óleo lubrificante, então é recomendado trocar o óleo com mais frequência nesses casos, tanto que é recomendado pelo manual dos veículos.
E a velha e boa gasolina?
A gasolina por sua vez, também apresenta vantagens em relação ao etanol. O álcool, por conter oxigênio, tem um poder calorífico menor que o da gasolina, uma vez que o oxigênio aumenta o peso molecular, mas não produz energia. Isto explica a menor km/l de um motor a álcool em relação ao mesmo motor a gasolina, fazendo com que a gasolina "renda" mais.
Além disso, a gasolina tem uma lubricidade maior que o etanol, tendendo a forçar menos a bomba de combustível. No caso de uma pessoa que apenas usa o carro em pequenos trajetos na cidade, o motor de seu veiculo dificilmente chega na temperatura ideal, gerando um risco de que o etanol se dilua no oleo lubrificante, tornando a troca de oleo necessária com maior frequência.
Em relação ao preço, o etanol é mais barato que a gasolina, mas é preciso prestar atenção se ele é a opção mais eficiente. A regra dos 70%, apesar de ainda ser posta como padrão, não é exata. Existe uma variação de rendimento para cada montadora e modelo de veículo. De acordo com uma matéria publicada em 2015 pelo Jornal Estado de Minas, modelos como o Fiat Siena 1.4, o percentual chega a ser igual 80,6%. Outros modelos superam a média convencional, como o Kia Picanto 1.0 automático, com 72,8%, e o Hyundai i30 1.6 automático, com 73,1%. De forma contrária, o Citroën C3 1.5, obteve 63% de consumo de etanol em relação à gasolina. O Honda Civic também está abaixo: o motor 1.8 com câmbio automático tem 64,7%; o 1.8 manual, 66%; e o 2.0 automático, 65,9%.
O ideal, portanto, é acompanhar a média de veículos da sua empresa e o preço pago em cada combustível. Com esses dados, pode-se determinar facilmente qual é o combustível ideal de cada veículo:
É muito simples determinar financeiramente qual o melhor combustível para sua frota, mas vale observar todas as outras vantagens e desvantagens de cada opção como apresentado.
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Fonte: Nova Cana