Não é surpresa que a gasolina vendida no Brasil contém uma elevada concentração de etanol em sua mistura, mas, com valores próximos a 30%, podemos chama-la mesmo de gasolina?
Quando o assunto é Etanol, o Brasil é sempre um pioneiro. Desde produção precoce do combustível, ao desenvolvimento de motores flex, o país está sempre à frente dos demais. Não surpreendentemente, há um incentivo governamental para o maior consumo do etanol. De fato, desde 1976 o governo tornou obrigatória a mistura de etanol anidro à gasolina, e esta proporção deve chegar a no mínimo 30% de etanol/gasolina em 2022, podendo atingir a máxima de 40% ainda em 2020.
Essa mistura do biocombustível na gasolina não é exclusividade brasileira. Segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), pelo menos 60 países adotam a mesma postura de, obrigatoriamente, utilizar a mesclagem, incluindo Estados Unidos, Canadá e mesmo a União Européia. Os decretos que tornam obrigatório o uso de biocombustíveis são de extrema importância para a redução da emissão de gases de efeito estufa e para a diminuição do uso de combustíveis fósseis, contribuindo ainda para o setor primário, produtor dos insumos do etanol.
Os 27% de etanol presentes na gasolina brasileira porém, podem afetar os donos de automóveis movidos apenas à gasolina, modelos importados ou muito antigos. Por não terem sido projetados para operar com tamanha concentração de etanol, esses tipos de veículos não alcançam as mesmas médias de consumo sugeridos pelas montadoras, que convivem com uma mistura de 5 a 10% de etanol. Adicionalmente, a gasolina com proporção 90-10 por lá é chamada de gasohol (gasoline + ethanol), deixando clara sua distinção da tradicional gasolina. Para os motoristas nesta situação, não adianta também optar por abastecer com gasolinas aditivadas, pois estas caem sobre a mesma legislação, também contendo os 27% de etanol da gasolina comum. A diferença entre as duas são apenas aditivos que auxiliam na limpeza e amenizam o desgaste do motor, tornando todas as gasolinas brasileiras nossas próprias Gasonol (Gasolina + Etanol).
Felizmente, desde 2005, praticamente todos os veículos leves produzidos no Brasil possuem tecnologia flex, que atuam tranquilamente com até 100% de etanol no tanque. Fica apenas o questionamento para o motorista; álcool ou gasonol?
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